A Doença celíaca
Descrita pela primeira vez no ano 1950, a intolerância ao glúten é também frequentemente chamada de « doença Celíaca ». Adescoberta de uma causa com efeito entre intolerância ao glúten e cereais só se estabeleceu realmente em 1950 graças aos estudos do pediatra holandês W.K.Dicke. Em 1954, a conseqüência da intolerância ao glúten sobre o intestino dos pacientes foi então demonstrada (atrofia da parede do tubo digestivo). Por fim, só nos anos 1980, o papel do sistema imunológico nas reações do intestino ao glúten foi analisada.
Definição da intolerância ao glúten
A intolerância ao glúten é uma condição digestiva desencadeada pelo consumo da proteína de certos cereais que provocam a má absorção dos nutrientes ingeridos como vitaminas, minerais ou outros como proteínas, carboidratos e lipídios.
O que é o glúten?
O glúten é a fração solúvel na água das proteínas contidas nos cereais. Ele representa 80 % das 9 a 10 g. de proteínas que contém as farinhas. Este glúten é composto por duas frações que são definidas por seu caráter solúvel ou não no álcool.
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as gluteninas:
Solúvel somente em solutos básicos, não tóxicos para doentes celíacos. -
As prolaminas:
Proteínas de reserva, solúvel em álcool, tóxicas para os intolerantes ao glúten.
Todos os cereais contém prolaminas: as gliadinas são as prolaminas do trigo, as secalinas do centeio, as hordeínas da cevada e as aveninas da aveia.
Mecanismo da intolerância ao glúten
A intolerância ao glúten é uma anomalia auto-imune do intestino delgado
caracterizada por uma inflamação deste último em pacientes que sofrem desta patologia. Uma reação ao glúten acontece, materializada por uma agressão do organismo ao seu próprio intestino delgado. Este apresenta uma atrofia de suas vilosidades, onde ocorre a absorção dos nutrientes, gerando uma má absorção alimentar.
Diferença entre alergia e intolerância ao glúten
Em vários casos, a alergia alimentar é confundida com intolerância alimentar.
Estas duas reações são muito diferentes em relação aos mecanismos.
A alergia alimentar se manifesta por uma reação anormal do sistema imunológico frente a proteínas reconhecidas como alérgenos, resultando na formação de anticorpos que
ocasionam à liberação de outras moléculas responsáveis pelo surgimento de sintomas.
No caso de uma intolerância, o corpo não é capaz de digerir o glúten presente nos alimentos consumidos porque a enzima necessária para isso está ausente ou inativa. A reação é provocada pelo próprio alimento não digerido.
Mesmo se o houver envolvimento do sistema imunológico, ele só ataca o seu hospedeiro, e não um corpo estranho, não se aplicando, a definição da alergia.
Fatores de predisposição
O desenvolvimento desta doença só é possível para pessoas geneticamente predispostas, mas o desencadeamento pode acontecer a qualquer idade. Fora estas predisposições genéticas, os fatores ambientais são susceptíveis de desencadear a fase ativa da doença como, por exemplo, infecções virais, cirurgias, situações de estresse, dentre outras.
Cozinhando sem glutén acesse link www.riosemgluten.com/Cozinhando_sem_gluten_2_Gilda_Moreira.pdf
Intolerância a Lactose
É apacidade de aproveitarmos a lactose, ingrediente característico do leite animal ou derivados (laticínios) que produz alterações abdominais, no mais das vezes, diarréia, que é mais evidente nas primeiras horas seguintes ao seu consumo.
Como se desenvolve?
Na superfície mucosa do intestino delgado há células que produzem, estocam e liberam uma enzima digestiva (fermento) chamada lactase, responsável pela digestão da lactose. Quando esta é mal absorvida passa a ser fermentada pela flora intestinal, produzindo gás e ácidos orgânicos, o que resulta na assim chamada diarréia osmótica, com grande perda intestinal dos líquidos orgânicos.
Existem pessoas que nascem sem a capacidade de produzir lactase e, enquanto bebês, sequer podem ser amamentados, pois surge implacável diarréia.
Nos recém-nascidos de gestações completas, os casos são raros e de caráter genéticos. A concentração da lactase nas células intestinais é farta ao nascermos e vai decrescendo com a idade. Nos EUA, um a cada quatro ou cinco adultos pode sofrer de algum grau de intolerância ao leite. Os descendentes brancos de europeus têm uma incidência menor de 25%, enquanto que na população de origem asiática o problema alcança 90%. Nos afro-americanos, nos índios e nos judeus, bem como nos mexicanos, a intolerância à lactose alcança níveis maiores que 50% dos indivíduos.
O que se sente?
É variável de pessoa a pessoa e de acordo com a quantidade ingerida. Assim, a maioria dos deficientes de lactase pode ingerir o equivalente a um ou dois copos de leite ao dia, desde que com amplos intervalos e não diariamente. Ainda que minoritários, não são raras as pessoas que, desde pequenas, evitam ou não gostam do leite, mesmo sem se darem conta que são assim porque o leite e derivados lhes faz mal.
Os pacientes percebem aumento de ruídos abdominais, notam que a barriga fica inchada e que eliminam mais gases. Quando a dose de leite ou derivados é maior surge diarréia líquida, acompanhada de cólicas. A queixa de ardência anal e assadura é porque a acidez fecal passa a ser intensa (pH 6,0).
A maioria dos pacientes que só tem intolerância a lactose, não tem evidências de desnutrição, nem mesmo maior perda de peso. Quando isso ocorre, pode haver a associação da intolerância com outras doenças gastro-intestinais.
Como é realizado o diagnóstico
Freqüentemente a intolerância à lactose é sugerida pela história clínica, principalmente quando os dados são definidos e especificamente perguntados. A diminuição de sintomas após algumas semanas de dieta livre de lactose serve como teste diagnóstico/ terapêutico.
O Teste de Tolerância à Lactose é o usado em nosso meio, pois não dispomos do Teste Respiratório, tido com o mais sensível e certamente o mais simples dos métodos. Entre nós, o paciente recebe para beber um copo d'água contendo de 50 a 100 g de lactose e lhe é tirado sangue quatro a cinco vezes no espaço de duas horas. Quando a diferença entre a dosagem sangüínea da lactose de jejum e o pico da curva das demais medidas se mostrar menor de 20 mg%, o teste tem "curva plana" e é considerado positivo, indicando má absorção de lactose nessas pessoas.
Há possibilidade de erro nos diabéticos, entre outros. A ocorrência de diarréia, ainda no laboratório e ou nas primeiras horas a seguir, reforça a conclusão de diagnóstico positivo para intolerância à lactose.
Como se trata e como se previne
Uma vez caracterizado o diagnóstico, pode se prevenir novos sintomas não usando leite e laticínios. Usando-os, a prevenção é mediante a tomada de fermento sintético prévia a qualquer ingestão de lactose. Cabe salientar que vários medicamentos, inclusive antidiarréicos e anti-reumáticos contêm lactose no chamado excipiente, ou seja, no pó ou no líquido necessário para poder conter a substância básica num comprimido ou solução; isso é importante quando avaliamos os efeitos indesejáveis referidos pelos usuários